O primeiro trimestre do ano foi marcado por pressões na inflação, explicadas pelos grupos de alimentação e bebidas, assim como de educação em fevereiro, com o IPCA-15 de março registrando aumento de 0,36%, acumulando em 12 meses 4,14%. Neste contexto, considerando que essas pressões nos preços são explicadas por um efeito sazonal, o cenário prospectivo para o fim de 2024 é que a inflação fique dentro do limite da meta, hoje em 3,75%.
Com o cenário da inflação benigno, o Copom, comitê de política monetária do Banco Central, decidiu mais uma vez pelo corte da Selic, em 0,50 ponto percentual, chegando a 10,75% ao ano. De acordo com o comitê, espera-se mais um corte de mesma magnitude na próxima reunião, em maio, com a perspectiva da taxa básica de juros da economia brasileira fechando o ano em 9,00%.
Já o câmbio fechou o primeiro trimestre em R$/US$ 5,01, registrando uma desvalorização de aproximadamente 3,3%, influenciado tanto pelas pressões inflacionárias do período, quanto pela deterioração das contas públicas e o ciclo de corte de juros doméstico, que se contrapõe à manutenção dos juros americanos. Para frente, espera-se um câmbio ainda pressionado diante do cenário americano de inflação acima da meta de 2% e os dados do mercado de trabalho ainda resilientes, os quais sugerem a manutenção das Fed Funds na próxima reunião do Federal Reserve.
A atividade econômica no Brasil, que apresentou crescimento de 2,9% em 2023, foi explicada majoritariamente pelo agronegócio (15,1%), seguido pelos serviços (2,4%) e pela indústria (1,6%), esta última influenciada negativamente pelo ciclo de aperto monetário até então observado.
Dos dados mais recentes, a indústria acumula queda de 1,8% no ano, com quedas importantes observadas em produtos químicos (-3,5%), indústrias extrativas (-0,9%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,0%), minimizadas pelo avanço na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (6,5%). Já o setor de serviços cresceu 0,7% em janeiro em relação a dezembro, o terceiro resultado consecutivo positivo, com destaques para os serviços audiovisuais e empresas de plataformas de streaming, bem como os serviços de tecnologia da informação.
Dessa forma, para 2024, mantém-se a perspectiva de crescimento da economia brasileira diante o ciclo de corte de juros e a manutenção do poder de compra das famílias, porém em menor ritmo comparativamente a 2023, justificada principalmente pela queda esperada do valor adicionado da agropecuária, penalizada pela adversidade climática.