A frase do título “preocupação não é doença é sinal de saúde” do resumo econômico desta semana remete à uma das frases do livro Axiomas de Zurique sobre Risco, que quer dizer que Se você não está preocupado, não está arriscando o bastante!
A menção vem ao encontro do atual cenário econômico que estamos lidando; de um lado as preocupações de uma segunda onda do Covid-19 e por outro lado uma taxa básica de juros, Selic, no menor patamar histórico no nosso país.
Nesse meio tempo, trago para vocês os principais dados econômicos divulgados nesta semana e qual a minha análise sobre esses fatos.
Brasil
IPCA-15: A conhecida prévia da inflação para junho veio acima das expectativas que era de deflação, em 0,02%. O índice que nos dois meses anteriores havia sido negativo, puxado especialmente pela menor demanda no grupo de transportes, com queda de 3,15% em maio, neste mês o recuo foi menor, em 0,71%.
Em síntese, o grupo de transporte tem peso de 20% no índice de inflação, ao lado do grupo de Alimentação e Bebidas. Neste contexto, pode-se avaliar que a demanda tem sido retomada, o que impulsiona o retorno das atividades econômicas.
Confiança do Consumidor: O índice aumentou 9 pontos em junho, para 71,1 pontos, a segunda alta consecutiva. Nesse sentido, o resultado reflete a redução de um cenário pessimista em relação ao futuro, justificado pela retomada do mercado de trabalho e da melhora nas finanças das famílias.
Balanço de Pagamentos: Entre as contas do Balanço de Pagamentos, o saldo das transações correntes em maio foi de US$ 1,3 bilhão, sendo o terceiro mês consecutivo positivo, frente o déficit de US$ 1,4 bilhão observado no mesmo mês do ano passado.
Por consequência, pode-se observar a redução do superávit da balança comercial, que é a diferença entre exportações e importações, ou seja, houveram redução tanto nas exportações quanto nas importações, assim como da conta de serviços e de renda primária.
Em outras palavras, observa-se uma desaceleração do comércio internacional assim como do recuo de remessas de lucros e dividendos, justificado pelo declíneo das receitas e das despesas líquidas assim como com viagens ao exterior, reflexo do impacto do Covid-19 no setor de turismo.
Mercado
No mercado acionário o índice da bolsa de valores brasileira, Ibovespa, fechou em queda de 2,8% aos 93.834 pontos, influenciado principalmente pelos temores de uma segunda onda do coronavírus nos EUA assim como no Brasil.
Assim também, para o dólar comercial, a semana continuou na valorização da moeda americana observada na semana anterior, fechando em R$ 5,4642 na compra e R$ 5,4652 na venda, alta de 2,76%.
Internacional
Estados Unidos
Os dados da semana para o cenário econômico para os os EUA foi no âmbito do PMI, índice de gerente de compras, divulgados pela IHS Markit. Os valores, ainda que preliminares para junho, foram positivos, com leitura em 49,6 pontos para a industria e 46,7 pontos para o setor de serviços, voltando ao patamar observado em fevereiro deste ano.
Todavia, apesar dos valores estarem abaixo de 50 pontos, o que representa contração do setor, a rápida recuperação sinaliza que a economia tem respondido de forma positiva aos estímulos econômicos.
Por outro lado, apesar dos dados semanais de pedido de seguro-desemprego terem sido menores que o registrado na semana anterior, em 1,480 milhão, foram acima das expectativas do mercado que era de 1,3 milhão, o que indica que ainda há incertezas sobre a reabertura das empresas.
Do mesmo modo, os dados do Núcleo do Índice de Preços das despesas e consumo pessoal, PCE, apresentaram aumento de 0,10% em maio, abaixo do consenso de 0,20%, o que indica que a demanda do consumidor por bens e serviços segue em ritmo moderado.
Europa
Ao mesmo tempo, também houve a divulgação do PMI para os países da Zona do Euro, sendo que o PMI industrial teve uma leitura de 46,9 pontos em junho, o segundo aumento consecutivo após atingir o mínimo de 33,4 pontos em abril.
Por conseguinte, o PMI de serviços também apresentou aumento, para 47,3 pontos no mês, um aumento de mais de 35 pontos, quando o indicador chegou a 12 pontos no ápice do isolamento social. Em suma, estes resultados mostram a rápida recuperação dos países europeus na fase pós-pandemia.
Conclusão
Dessa forma, o mercado acionário reagiu negativamente à expectativa de uma segunda onda do Covid-19, impactando em uma maior cautela por parte dos investidores. Por outro lado, foi observada a significativa retomada da industria e de serviços em países que já estão na fase de abertura das atividades.
Por fim, no âmbito econômico para o Brasil pôde-se observar a retomada do consumo pelas famílias assim como o aumento da confiança para os próximos meses; contudo, o próximo passo será avaliar os dados de produção industrial assim como do desemprego, os quais deverão trazer as expectativas da evolução da economia no país.
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