A semana no mercado financeiro foi marcada pela aversão ao risco dos investidores, a qual começou com o acionamento do mecanismo de segurança da bolsa de valores, o circuit breaker, na segunda-feira, influenciado tanto por questões relacionadas à disseminação do coronavírus assim como aos conflitos entre Arábia Saudita e Russia referentes ao mercado do petróleo. Na quarta-feira mais uma vez o mecanismo de segurança foi acionado, após a declaração da OMS (Organização Mundial da Saúde) declarar pandemia do coronavírus.
Na quinta-feira, após o anúncio das medidas adotadas pelo presidente Trump em conter a disseminação do coronavírus nos Estados Unidos, somado ao aumento do número de infectados, observamos dois circuit breakers durante as negociações na bolsa. Por fim, na sexta-feira, após a medida anunciada pelo banco central americano assim como pela liberação de recursos para o combate do coronavírus, o mercado acionário reagiu positivamente.
Das divulgações econômicas, no Brasil tivemos os ajustes para o PIB deste ano tanto pelos analistas do mercado como pelo Ministério da Economia, além das divulgações da Inflação assim como da produção industrial brasileira. Já no mercado internacional, as principais informações foram referentes à Zona do Euro, com divulgação do PIB, produção industrial, emprego e da decisão do Banco Central europeu sobre a taxa de juros.
Brasil
Mais uma vez novas expectativas do mercado divulgadas pelo Banco Central tanto para PIB quanto para inflação, porém, com uma mudança de direção para a inflação em 2020, que até então vinha com expectativa de queda e apresentou alta, para 3,20%. Já a expectativa dos analistas para o PIB deste ano passou de 2,17% para 1,99%, sendo a quarta queda seguida. Além disso, o Ministério da Economia cortou a projeção do PIB de 2,40% para 2,10% assim como para a inflação, de 3,62% para 3,12% para 2020.
A produção industrial brasileira apresentou variação positiva em 0,9% em janeiro na comparação ao mês anterior, após dois meses de queda. Entre as grandes categorias econômicas, três de quatro apresentaram expansão, com maior alta em bens de capital, em 12,6%. Entre as atividades econômicas, o destaque foi para máquinas e equipamentos, com aumento de 11,5%, de acordo com o IBGE.
Também divulgado pelo IBGE a inflação medida pelo IPCA, que foi de 0,25% em fevereiro ante janeiro, com acúmulo de 4,01% em 12 meses, sendo a educação o principal destaque para o resultado da alta de preços no mês, com variação de 3,70%, justificado pelos reajustes das mensalidades no início do ano letivo assim como pelo peso maior no orçamento das famílias. Por outro lado, o grupo de alimentação e bebidas teve queda de 0,11%, puxado especialmente pelo preço das carnes, com queda de 3,53%.
Mercado
A semana no mercado acionário foi marcada por alta volatilidade, aversão ao risco e significativas perdas. Durante a semana, presenciamos quatro Circuit breakers nas negociações da bolsa de valores brasileira, impactado principalmente pelas notícias da disseminação do coronavírus em diversos países.
Neste contexto, apesar da alta no pregão de sexta-feira, o Ibovespa fechou aos 82.677 pontos, o que representa uma queda de 15,63% do índice na comparação semanal.
Já o dólar comercial, que chegou a atingir os R$ 5,00, fechou a semana a R$ 4,8099 na compra e R$ 4,8128 na venda, com alta de 3,85%.
Internacional
Nos EUA a principal notícia foi a decisão do Banco Central, o Federal Reserve, o qual irá injetar U$ 1,5 trilhão em liquidez no mercado monetário através da recompra reversa em títulos, com o objetivo de aumentar a liquidez no mercado americano.
Na Zona do Euro foram divulgados vários indicadores econômicos, como o PIB do quarto trimestre que apresentou alta de 0,1% na comparação ao trimestre anterior e de 1,0% na comparação interanual.
A variação do emprego foi positiva em 1,1% na comparação anual do quarto trimestre de 2019, além da produção industrial de janeiro, que apresentou aumento de 2,3% na comparação com dezembro, de acordo com a Eurostat.
Por fim, na quinta-feira, em meio às divulgações do aumento de casos do coronavírus, o o Banco Central europeu decidiu pela manutenção dos juros, porém foram anunciados estímulos monetários para aumentar a liquidez na economia na tentativa de minimizar os efeitos negativos no coronavírus na atividade econômica.
Conclusão
A semana termina com as consequências do impacto do coronavírus nos mercados, com alta volatilidade nas bolsas de valores e as ações dos bancos centrais através de estímulos monetários.
No Brasil, os dados divulgados sinalizam que a economia nacional continua em ritmo gradual de crescimento, contudo, o crescimento da atividade econômica já começa a ser revisado pelas questões relacionadas a um menor crescimento dos países desenvolvidos assim como pelos impactos do coronavírus.
Assim, pode-se verificar que a política estimulativa do banco central brasileiro tende a continuar, ou seja, com juros baixos para este ano, além de estímulos monetários para o aumento de liquidez no sistema financeiro.