A taxa Selic chegou ao patamar de 13,25%, após onze altas consecutivas de um ciclo que iniciou em março do ano passado e poderá ser encerrado na próxima quarta-feira, dia 03, com mais uma alta de 0,50 ou de 0,25 ponto percentual. Porém, o principal não será a decisão da taxa básica de juros e sim o tom do comunicado do Copom, o comitê de política monetária do Banco Central.
Na última decisão do Copom, as projeções para a inflação do Boletim Focussituavam-se em 8,5% para 2022 e 4,7% para 2023; já as do Copom estavam em 8,8% para 2022 e 4,0% para o ano seguinte, sendo este cenário uma das justificativas para o comitê avançar no território contracionista. De junho até o último relatório do Focus, divulgado hoje, podemos verificar um cenário mais positivo para o IPCA de 2022, mas que se deteriorou para 2023, podendo trazer um tom mais duro no comunicado desta semana. Boletim Focus
Fonte: Banco Central; Data da divulgação: 01-08-2022
Em outras palavras, com o aumento do risco de desancoragem da expectativa da inflação no próximo ano, em que a meta é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, o comunicado do Copom deverá reiterar a necessidade da manutenção da política monetária em território contracionista, justificando assim mais uma alta na Selic na quarta-feira, a qual já havia sido contratada na reunião de junho.
Contudo, a surpresa nessa reunião poderá estar no tom do comunicado, podendo justificar que o próximo patamar da Selic deverá prevalecer por um período maior, descartando a continuidade de mais aumento na taxa nas próximas reuniões.
Dentre as justificativas, levanto dois fatos: o primeiro é o processo de desinflação que já começou a ser observado no IPCA-15 de julho e que já trouxe, ainda que parcialmente, os impactos da redução dos impostos sobre itens que pesam na cesta de inflação, como os combustíveis e que deverá ser verificado em maior intensidade no IPCA de julho e agosto.
Um segundo fato condiz com as revisões para baixo da atividade econômica para o próximo ano, tanto doméstica quanto internacional, como dos EUA, que inclusive entrou na conhecida recessão técnica na semana passada após o resultado do PIB mostrar recuo por dois trimestres seguidos, o que, a priori, reflete em menores pressões na escalada dos juros por parte do banco central americano.
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Por fim, entre os fatores de risco que irão justificar a decisão do Copom na quarta-feira, o cenário para a última alta dos juros, em 0,50 p.p. e um tom de manutenção dos juros no próximo patamar, em 13,75% ao longo dos próximos trimestres é o que parece fazer mais sentido para a próxima decisão de política monetária do Banco Central brasileiro.