À medida que os anos avançam, observa-se uma crescente descentralização no sistema financeiro nacional. Se outrora os grandes bancos detinham virtualmente todo o mercado, atualmente essa concentração vem diminuindo gradualmente. O marco inicial desse processo de descentralização remonta à promulgação da lei nº 12.865, em 2013.
A partir dessa legislação, empresas que não se enquadravam como instituições financeiras obtiveram a autorização para oferecer soluções financeiras aos seus clientes, equiparando-se aos bancos tradicionais. Empresas do ramo varejista passaram então a negociar suas próprias linhas de crédito. Destacam-se nesse contexto exemplos notáveis como Nubank, Mercado Pago, Pag Bank, entre outros.
Embora cada uma dessas empresas possuísse operações distintas, a nova legislação possibilitou que expandissem seu leque de produtos financeiros, incluindo a oferta de linhas de crédito.
Em 2018 a descentralização ganhou mais força
Com o surgimento dos bancos digitais no mercado, o Banco Central emitiu a Resolução nº 4.656. Através desta resolução, ficou decretado que o sistema de crédito seria descentralizado, dando oportunidade para outras instituições competirem com os grandes “players” do cenário.
Desse modo, as “fintechs” passaram a se tornar uma realidade no Brasil e diversos bancos digitais começaram a ganhar mais espaço.
No que diz respeito à concentração bancária no Brasil, o Relatório de Economia Bancária do Banco Central, publicado em 2023, indicou que as instituições financeiras reduziram sua participação nos ativos totais do sistema de 88,1% para 86,8% entre 2020 e 2022. Da mesma forma, houve uma queda de 93,5% para 91,1% na participação nos depósitos totais e de 86,4% para 86,1% nas operações de crédito.
Vantagens da descentralização do crédito
Com um aumento no número de empresas oferecendo produtos financeiros e instituições financeiras ingressando no mercado, a competitividade do setor tem aumentado. Hoje, os grandes bancos buscam oferecer produtos aprimorados, como linhas de crédito com taxas de juros mais baixas e menos taxas em seus produtos, além de opções de investimentos mais atrativas.
Essa descentralização beneficia os consumidores assim como as empresas, especialmente aquelas de médio porte. Isso não apenas expande as escolhas de crédito, tornando-as mais acessíveis, mas também estimula a inovação e a melhoria contínua nos serviços financeiros oferecidos.
O crescimento continuo do mercado financeiro brasileiro, tende a reduzir a concentração dos grandes bancos e descentralizar ainda mais as soluções financeiras entre as instituições financeiras. Fato que gera custos menores e mais benefícios ao grande público.