Histórico da política monetária
Em resposta à crise financeira de 2008, os bancos centrais da europa assim como o americano estabeleceram programas de compras de títulos em resposta à crise global financeira. O objetivo era utilizar a política monetária expansionista, através do corte de juros e aumento da oferta monetária, para estimular o crescimento econômico.
Em 2020 o estímulo monetário retomou aos holofotes dos grandes bancos centrais em resposta aos impactos da pandemia na economia e as consequências são observadas nos atuais dados de inflação, com o CPI americano chegando a incríveis 9,1% e o europeu a 8,6%, ambos em patamares não observados há mais de 40 anos.
Resposta dos Bancos Centrais para a inflação
Neste cenário, o Fed, banco central americano começou o ciclo de alta dos juros em março deste ano e deverá continuar o ciclo com mais 0,75 pontos percentual na semana que vem e hoje, o Banco Central Europeu, elevou em 0,50 p.p. os juros após 11 anos. Justificativa para ambos bancos centrais: controle da inflação.
Após o contexto histórico de política monetária, o investidor deverá pensar nas consequências da política contracionista nas economias e como pode afetar a decisão de investimento nas diferentes classes de ativos.
Como os mercados podem reagir
Aumento de juros por parte dos bancos centrais das grandes economias tornam os investimentos em renda fixa desses países mais atrativos e, como consequência, o fluxo monetário migra de países emergentes como o Brasil, para aqueles considerados mais seguros.
Assim, o primeiro impacto pode ser observado no câmbio, entre a moeda local para a estrangeira, que deverá se manter em patamares desvalorizados por mais tempo.
A lâmpada que simboliza a ideia genial pode ter acendido agora: câmbio desvalorizado é excelente para as empresas exportadoras! Ok, não tiro a razão do leitor, mas atenção: uma aceleração do passo dos bancos centrais na subida de juros deverá impactar em uma desaceleração ainda mais acentuada da atividade econômica e certamente nos preços das commodities para baixo, logo, o cenário pode não se concretizar como positivo para essas empresas.
Outro ponto que deve ser considerado é a própria resposta do banco central brasileiro ao aumento de juros das grandes economias. Na minha análise, não acredito que o BC brasileiro continue com aumentos de juros em magnitude observada durante o início e o meio do ciclo de alta (entre 0,75 e 1,5 p.p.) porém, hoje, a possibilidade dos juros se manterem em patamares elevados por mais tempo ganha força.
O que fazer quanto às incertezas da alta dos juros
Ao que tudo indica, as incertezas quanto à alta de juros dos bancos centrais, como o americano e o europeu, continuam no radar e certamente o cenário de volatilidade deverá impactar os diferentes tipos de investimento.
Assim, a parte do portfólio que é voltado para uma visão de curto e médio prazo com operações em ativos de risco por exemplo, é aconselhado a busca por estruturas que buscam proteger o investimento de bruscas oscilações de preços. Já as operações mais conservadoras devem continuar com os ativos de renda fixa.
Por fim, o cenário requer cautela. Nas opções acima há inúmeras possibilidades para a utilização de instrumentos financeiros assim como há diferentes ativos que compõem a renda fixa e que, possivelmente, ajudarão o investidor a passar por esse ciclo monetário.