“Sou grato à minha sorte; mas não confio nunca os meus haveres a um só lugar e a um barco, simplesmente nem depende o que tenho dos azares do corrente ano, apenas. Não me deixam triste, por conseguinte, as minhas cargas” (Mercador de Veneza, William Shakespeare).
Essa é uma passagem da Obra de Shakespeare escrita por volta de 1560, em que o protagonista Antonio, um experiente comerciante, diz que mesmo que a sorte seja sua grande aliada, colocar todas as cargas em um mesmo barco pode ser fatal!
Neste contexto, imagino que você já tenha ouvido a seguinte frase: Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta! Bem, a frase é uma metáfora que exemplifica as diversas situações que podem ocorrer no nosso dia-a-dia, das quais também remetem aos investimentos! Em outras palavras, deve-se ter cuidado e conhecer bem os riscos antes de colocar todo o seu dinheiro apenas em um tipo de ativo de investimento.
Assim, a associação diz respeito à diversificação, ou seja, à formação de uma carteira com diferentes ativos, com o objetivo primordial de minimizar os riscos que você estará exposto, contribuindo para que sua perda, caso exista, seja a menor possível e seus ganhos maximizados!
Riscos dos Investimentos
Quando pensamos em investir é primordial conhecermos tanto os ativos que vamos colocar o nosso dinheiro assim como os riscos que estão expostos. Neste contexto, cada tipo de investimento possui particularidades das quais os caracterizam assim como os diferenciam de outros investimentos, e conhecer como cada ativo se comporta diante dos acontecimentos é essencial para que você busque potencializar seus ganhos ao longo do tempo.
Assim, os ativos podem estar expostos à dois tipos de riscos conhecidos no mercado como Risco Sistemático e Risco não Sistemático. O primeiro é também conhecido como Risco de Mercado, é um risco que afeta todo o sistema econômico, em outras palavras, é um risco não diversificável. Já o segundo, é um tipo de risco mais específico, afetando muitas vezes somente a um setor ou a própria empresa.
Neste contexto, para exemplificar um acontecimento caracterizado como risco sistemático, não precisamos voltar muito no tempo para encontrarmos, pois a Pandemia do Covid-19 que assolou todo o mundo, também atingiu toda a economia e mudou as expectativas dos agentes sobre a condução das políticas econômicas desde então.
Dessa forma, podemos verificar que todo o risco sistemático impacta, seja diretamente ou indiretamente, todos os seus investimentos.
Exemplo de Riscos Sistemáticos:
1. Risco de Mercado: São as variações imprevistas no comportamento do mercado, determinado principalmente por questões econômicas.
2. Risco Cambial: Pode ser entendido como o resultado do valor de um capital investido diante à oscilações na taxa de câmbio.
3. Risco Soberano: Relacionado ao governo de um determinado país, com restrições do país estrangeiro aos fluxos de pagamento externo, como volume máximo de pagamento, tipos de moeda e até decretar a moratória de dívidas.
4. Risco País: Envolve todos os devedores, público e privado.
5. Risco Legal: vincula-se a falta de legislação adequada para a realização de negócios assim como na incerteza da aplicação da lei.
Por outro lado, quando o risco é considerado não sistemático, este também é conhecido a um risco específico e muitas vezes inerentes ao próprio ativo, ou seja, esta relacionado à fatos que muitas vezes atingem somente a um determinado investimento.
Exemplos de Riscos não Sistemáticos
1. Risco da Empresa: Associado às decisões financeiras da empresa, levando em consideração aspectos de atratividade econômica e de capacidade financeira.
2. Risco Econômico: conjuntural, de mercado (concorrencial) e do próprio planejamento e de gestão das empresas.
3. Risco Financeiro: Relacionado ao endividamento (passivo) da empresa.
4. Risco Operacional: Risco de perdas determinado por erros humanos, falhas no sistema de informação e de computadores, além de fraudes, (ex. processos, tecnologia, pessoas).
Diversificar é a Chave do negócio
Dessa forma, dado que estamos inerentes aos riscos nos investimentos, a melhor maneira de proteger sua carteira de investimento é através da diversificação, em especial contra os riscos não sistemáticos.
É nesse contexto, que os riscos não sistemáticos são chamados também de risco diversificável, pois é possível diminuir as perdas dos seus investimentos justamente pela alocação em diferentes tipos de investimentos.
E como podemos diversificar? Imagine que você, investidor, tem uma carteira somente com ações de empresas que atuam fortemente na economia nacional. Neste cenário, no caso de uma recessão econômica no país, possivelmente essas empresas terão suas receitas impactadas.
Assim, a diversificação através da exposição em ativos de outros países se torna uma alternativa, pois enquanto a economia local esta recuando a do outro país pode estar melhor, sendo este um meio para diminuir seu risco total de perda.
Para concluir, quanto mais diversificada uma carteira, menor será a sua exposição ao risco não sistemático. Dessa forma, a diversificação contribui para uma distribuição que busque diminuir seu risco e potencializar seus ganhos!
Bons investimentos!
Por Fernanda Mansano