Sempre que vejo o movimento para aumento de impostos, lembro da frase do investidor Harry Browne: “O Governo é bom em uma coisa. Ele sabe como quebrar as suas pernas apenas para depois lhe dar uma muleta e dizer: ‘veja, se não fosse pelo governo, você não seria capaz de andar!'”
Browne foi um consultor de investimentos durante grande parte de sua vida e desenvolveu a chamada estratégia de investimento de “portfólio permanente”.
Essa estratégia busca identificar os quatro tipos de condições econômicas que podem ser aplicadas durante um determinado período de investimento, e as classes de ativos apropriadas que dão lucro com o lado positivo dessas condições, e alguma medida de proteção quando elas deixam de prevalecer.
Em outras palavras, o investidor deve saber identificar o viés econômico de um governo, como, por exemplo, aqueles que querem mais protagonismo na economia e consequentemente mais impostos e gastos públicos.
É neste contexto que vimos nesta semana o recuo e a retirada pelo governo sobre a incidência do ITCMD (imposto sobre herança, de competência estadual) sobre os planos de previdência privada, importante instrumento de sucessão patrimonial.
Por outro lado, o Imposto de Importação para compras no exterior de até US$ 50 (cerca de R$ 250 pela cotação atual), popularmente conhecido como “taxa da blusinha”, foi aprovado no Senado e voltou para a Câmara de Deputados.
Olhando para os dados macroeconômicos, o PIB brasileiro avançou 0,8% no primeiro trimestre, incentivado pelo avanço de 11.3% da agropecuária e do consumo das famílias, este que ganhou força com a inflação baixa e o corte de juros.
Na economia internacional, o Banco Central Europeu decidiu cortar os juros após quase cinco anos, enquanto os dados do mercado de trabalho americano, medido pelo Payroll, vieram mais fortes que o esperado.
O cenário tanto doméstico quanto externo corroborou para as perspectivas de manutenção da Selic na próxima reunião do Banco Central Brasileiro, a valorização do real frente ao dólar e para a Bolsa de Valores Brasileira, que, após seis quedas consecutivas, ganhou fôlego na última quinta-feira.
De todo modo, reitero que o cenário internacional segue adverso, especialmente pela economia americana que não dá sinais de uma desaceleração mais acentuada, o que possibilitaria o início do corte de juros pelo Fed e o sinal verde para uma política mais expansionista, ou seja, de continuidade do corte de juros, pelo Banco Central brasileiro.
Dessa forma, o cenário fortalece o aumento da volatilidade dos ativos de renda variável e para o dólar, enquanto aqueles de renda fixa ainda se favorecem dos juros altos.