Na última semana, a divulgação de dados econômicos mais fortes nos EUA reduziu o apetite ao risco dos investidores, tanto locais quanto estrangeiros, com as bolsas de valores fechando em queda.
Afinal, estamos olhando para a maior economia do mundo, e tudo o que acontece por lá reflete aqui.
Em outras palavras, dados econômicos que não sugerem uma desaceleração econômica dos EUA maior não abrem espaço para o início do corte de juros, fato que influencia negativamente os ativos de maior risco, como os negociados nas bolsas de valores.
Além disso, o cenário contribuiu para a depreciação do real frente à moeda americana, mesmo com o banco central brasileiro sinalizando cautela sobre a continuidade do corte da Selic.
E você, investidor, pode perguntar: qual a relação do ciclo dos juros brasileiros com o americano?
A resposta para a pergunta está no comparativo de risco entre ambos os países. Atualmente, o risco Brasil é maior que o americano, logo, se o diferencial entre nossos juros e os americanos diminui, ocorre uma fuga de capital, ou seja, de dólares, e nossa moeda se deprecia frente ao dólar.
E o Banco Central brasileiro vai entrando numa sinuca de bico, pois juros maiores são ruins para a economia, mas a rápida depreciação do câmbio pode gerar inflação do lado da produção, a de custos, sendo repassada, na medida do possível, para o consumidor.
Assim, o cenário abre espaço para que o Copom, o comitê do BC brasileiro, pare o ciclo de corte da Selic na próxima reunião.
Entretanto, voltando os olhares para a economia americana, o último dado de inflação ao consumidor trouxe um certo controle inflacionário, assim como dados mais brandos no mercado de trabalho de abril também mostraram enfraquecimento.
Nesse impasse, observamos os bancos centrais retirando o ‘guidance’ para as próximas reuniões, pois a cada dado divulgado, um novo conjunto de expectativas tem sido criado e nós, investidores, ficaremos atentos aos desdobramentos do ciclo de juros nos EUA para projetarmos o caminho dos juros no Brasil.